domingo, 6 de outubro de 2013
Segurei-te
nas minhas mãos demasiado tempo.
Foste
palco de destruição e de um exímio perfeccionismo exacerbado. Alcançaste a
glória e deixaste apenas a reminiscência do que fui, do sonho que não
permaneceu e dos farrapos de vida que presentemente conservo.
Tornei-me
escrava do tempo, flor do deserto que tomou o rumo de uma morte álacre.
Nunca
passei de um brinquedo frívolo que se quebra ao primeiro choque e se despedaça
atónito, subitamente esquecido da sua função.
Existe
uma vontade, uma ânsia de reconstrução, porém resume-se somente a um querer
desbotado. Consequentemente impõe-se uma discrepância atroz que me corrói a
alma, um foco de luz intensa que me cega.
Hoje
desencontrei-me, por isso, o que aqui escrevo não passa de divagações.
Hoje
não sou eu quem carrega este corpo, mas o espírito está presente como uma
imagem num espelho.
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