domingo, 23 de março de 2014

Posso ficar aqui,
se entenderes que deva.
Posso ficar aqui,
com todas as portas e janelas cerradas
que me engaiolam.
Sucumbir ao desespero
de todos estes olhares tristes,
tão tristes, tão apagados,
que me falam sem que os oiça.
Chegam de expressão lastimável
e caminham lentamente para o abismo,
sem a consciência de que tudo isto
e o mais que possam pensar em paralelo
se reduz à ilusão que têm vindo a construir.
Entre esperas incontornáveis,
conversas que apaziguam o medo,
vozes audíveis mas que não têm a quem pertencer
se as tento encontrar,
a porta entre a suposição e a verdade
admite passagem aos moribundos.
O que se passa para além desta porta
é uma incógnita,
apenas vejo que saem mais depressa do que entram...

Por vezes dou por mim a pensar
se algum dia,
algum deles,
sairá, de facto...

Sinto uma aflição aterradora por esta gente toda,
e talvez por mim,
que aqui estou também.

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