segunda-feira, 8 de junho de 2015

Escrito a 03-05-2013

Nosce te ipsum.

Estou cansada de procurar palavras para expressar o que se passa cá dentro- aqui, onde se fomenta uma mescla infindável de sentimentos,- e nenhuma delas me servir.
Escrevo, apago, torno a escrever. Nada. Não há sintonia entre as palavras, não existe coesão.
Encontro-me num lugar onde a palavra desespero predomina. Choca-me a quantidade de pessoas que pairam por aqui, sem eira nem beira.
E repentinamente mudo de cenário. Sou surpreendida pelo som ensurdecedor do altifalante. Gritava qualquer coisa como "C.A., g.4". Levanto-me com uma vontade enorme de chorar, tal não era a tensão que se gerava ali dentro. De facto chorei, mas interiormente, como é habitual.
Abri a porta que dava acesso ao corredor e percorri a ala com o olhar, na esperança de constatar todos os números excepto o bem dito número 4. Ironia do destino, ou lá o que isso seja, o primeiro gabinete que os meus olhos cruzaram era o que me estava predestinado.
Entrei e limitei-me a sentar. As minhas mãos tremiam, os meus pés e as minhas pernas também. Acho que tudo em mim tremeu nesse momento. Desconheço o porquê de tal coisa, não tinha nada a temer. Ou será que tinha?
Pensei que me tinha enganado no cubículo. Saí e voltei a entrar, estava realmente no espaço que deveria determinar todo um percurso árduo e rigoroso na minha vida.
Segundos passados apareceu aquela senhora bem parecida que me intitula "a peste", que de todo tem um sentido depreciativo. Muito pouco se passou lá dentro. Uma conversa banal, aquele instante que prevê um sorriso partilhado e a tristeza que sobressai da minha expressão, a lembrança de que
- Isso não chega
e eu desejosa que aquela conversa acabasse
- Pois
palavra inútil que repito inesgotavelmente.
E assim pus término à conversa e me vim embora, depois de ela me ter presenteado com um dos seus beijinhos e um abraço que me enalteceu e aconchegou o coração.

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