sábado, 19 de setembro de 2015

Saio à rua e a vida começa. A rua de sempre, a avó que guincha com os netos de sempre, "deixa-me chegar a casa que já gramas". E gramava. Um choro amiúde soluçado que dói por nada poder fazer, a cólera da existência de uma mãe que não existe.
Existir é estar vivo. É afirmar presença em todas as ocasiões; é a audácia para prometer eu vou estar aqui quando mais precisares; é a imponência de um gesto carinhoso quando nada o prevê; é a beleza de um abraço que parece perpétuo.
No dia em que deixar de valorar tudo isto deixarei de ter completa noção do quão inverosímil é esta estadia.

domingo, 13 de setembro de 2015

Se te disser que nos vamos perdendo a contar o tempo?
Estendo-me no chão e bastam-me as memórias e as palavras que escrevo. São as únicas dádivas intemporais que me mantêm viva.
E se te disser que nos vamos perdendo a cada palavra insensata?
Tento perceber onde está o motivo para a existência de um vazio tão doloroso como este.
Digo-te que nos vamos perdendo a cada linha que concebo e a cada momento lúcido que me invade.