segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Mas nenhum tempo mata a dor

O tempo passa. O tempo passa e a dor passa. Não passa mas espalha-se. Espalha-se por todo o corpo, espalha-se por todos os dias. A dor espalha-se. A dor não morre mas espalha-se. E o que está mais espalhado é menos intenso. Vale o mesmo mas é menos intenso. Como ter várias pequenas feridas suportáveis em vez de ter uma grande ferida insuportável. É isso que o tempo faz: espalha a dor. Ensina-nos a suportar a dor. A espalmá-la, a dividi-la. Mas nenhum tempo mata a dor.

Pedro Chagas Freitas, in Sexus Veritas

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