Para onde quer que olhasse papel canela figurava o passadiço onde turistas cheios e sedentos de "souvenires" se debatiam entre si sobre o mais recente e inovador, acabadinho de sair do forno, mosaico português. As cartas estavam todas rasgadas à medida, intocáveis pelos pés dos passantes como se em volta existisse uma aura protetora. De perfil, os lábios carnudos não teciam dúvidas a respeito da sua identidade. A perder de vista, fruto de mãos agora trémulas, destroços de declarações profundas.
- Que fazes aqui com todas estas cartas?
- Olha, já a Clarice dizia: eu rasgo o verbo porque não posso rasgar o sujeito.
C.V. 31/05/16
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